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Dentro do Imaginário Mundo

Uma forma divertida de encarar livros, filmes e séries

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23 de janeiro de 2018

Atypical: Uma Série Nada Típica

Por Ana Paula Tinoco

A Netflix vem nos surpreendendo a cada lançamento. Entre séries, filmes, documentários as produções se dividem em vários gêneros e são raros aqueles que nos decepcionam. Colecionando sucessos de público e crítica, o serviço de streaming vem ganhando espaço e respeito daqueles que são amantes do entretenimento feito com qualidade e o último a arrebatar minha atenção foi Atypical.

A série que foi lançada em agosto do ano passado, 2017, pode passar despercebida se não tivermos um olhar atento e quando damos uma chance, ela nos surpreende a cada episódio. Com uma doze de humor balanceado, Atypical (atípico) como já diz o nome não cai no marasmo dos estereótipos, como é o caso de vários filmes que retratam psicopatas, como: Hannibal ou Psicopata Americano e abre uma discussão leve e interessante acerca do autismo sem romantiza-lo.

No papel principal encontramos o jovem ator Keir Gilchrist (25 anos), Gilchrist é Sam, um jovem de 18 anos que diagnosticado ainda criança com Transtorno do Espectro Autista guia o caminho para que assim possamos enxergar o mundo pela perspectiva de seus olhos. Passando pelas mazelas da juventude e as descobertas que ela traz, viajamos por ambientes diversos narrados por ele, o que permite choramos, rirmos e sofrer junto a Sam.

Esses ambientes são compostos pelos núcleos que o rodeiam: família, amigos, escola e terapeuta, cada um servindo para compor o dia a dia do nosso protagonista. Em uma ótima interpretação Gilchrist nos sensibiliza a tentar compreender como é a vida de um garoto autista que diferente de nós vê o mundo com suas próprias cores e nuances.

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Sam e sua irmã Casey

Sua família que a princípio parece perfeita pode ser vista como a base geral de sua vivência. Com uma mãe super protetora, Elsa (Jennifer Jason Leigh) faz com que o espectador a ame e ao mesmo tempo a odeie, serve como um freio, o medo. Não permitindo a Sam a descoberta e podando sempre que pode sua vontade de mergulhar em novos mares. Seu pai, Doug (Michael Rapaport), pode ser visto como a ignorância diante do desconhecido, mas que aos poucos, assim como qualquer pessoa que procure o conhecimento, se guia e ajuda o filho na autodescoberta enquanto o mesmo vai perdendo o preconceito diante da própria inabilidade.

Sua irmã Casey (Brigette Lundy-Paine) é seu porto seguro. O tratando como uma “pessoa normal”, ela mostra seu afeto e dedicação por seus gestos, olhares e às vezes com palavras. Os dois em cena são um dos pontos fortes da série, a química entre ator e atriz é perfeita e entregue na medida certa.

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Sam e seu amigo Zahid

Porém, não é apenas Casey que enxerga Sam além de seu diagnóstico, seu amigo Zahid (Nik Dodani) é seu conselheiro e às vezes faz com que ele saia dos trilhos, rendendo as melhores cenas quando o roteiro transita entre o drama e o humor. Sua namorada Paige Hardaway (Jenna Boyd) que o ajuda a entender a complexidade do envolvimento com outra pessoa e que é necessário haver uma troca. Sua terapeuta Julia Sasaki (Amy Okuda) e seu consultório são os fios condutores do entendimento do espectador, pois é ali entre essas quatro paredes que Sam descreve seus medos, anseios e quais são suas limitações.

A escola, esse é o núcleo que mais causa desconforto, sensação que pode ser gerada não pelos clichês de escolas de ensino médio, mas pelo fato de que muitas vezes somos capazes de nos identificar com aquelas pessoas que transitam pelos corredores ofendendo e discriminando alguém apenas pelo fato de não conhecermos e algumas vezes não procurarmos o conhecimento sobre determinadas coisas que não são familiares do nosso cotidiano.

O fato é que Atypical é uma ótima série, um convite para que conceitos pré-estabelecidos sobre aqueles que possuem transtornos caiam por terra e abre o nosso olhar para entender o lado do outro. Então não tenha medo de dar o play e divirta-se, apesar de ser um assunto delicado, a roteirista Robia Rashid soube dosar na medida certa sua visão sobre o assunto.

A primeira temporada possui oito episódios e foi renovada para uma segunda que contará com 10 e ainda não possui data de estreia.

Keanu Reeves volta ao jogo

Por Ana Paula Tinoco

Keanu Reeves é um ator que divide opiniões quanto o quesito é sua atuação, apesar disso não se pode negar que ele é dono de uma carreira consagrada. Como qualquer outro profissional da sétima arte, Reeves possuí grandes sucessos em sua carreira quase que na mesma proporção que amarga alguns títulos ruins estralados por ele.

Reeves que começou muito jovem, aos 21 anos, ganhou notoriedade com os longas de ação “Velocidade Máxima”, “Caçadores de Emoção” e a Trilogia “Matrix”, passeando às vezes por dramas que foram igualmente importantes para que se tornasse conhecido, salvo os belíssimos “Drácula de Bram Stoker”, “Advogado do Diabo” e “Doce Novembro”, ele passou por um tempo no que podemos chamar de anonimato.

Porém, em 2014 vimos isso mudar quando o diretor estreante Chad Stahelski, que fora dublê de Reeves em Matrix, trouxe para as grandes telas “John Wick”. O filme como um bom longa-metragem de ação que é bebe da fonte de grandes sucessos do gênero. São claras as homenagens de títulos como “O Profissional”, “Desejo de Matar” e “Mad Max”. E, talvez proposital, o nome dado ao filme aqui em terras tupiniquins marca literalmente o retorno do astro às grandes produções: “De Volta ao Jogo”.

Sem mais delongas, De Volta ao Jogo é o que os amantes de filmes de ação esperam, muito tiro, pancadaria e um protagonista que apesar de não seguir às regras da sociedade nos cativa pelo o que motiva, sua vingança (O Profissional). Após perder sua esposa, Wick se vê perdido e sem esperança até que em um último ato de amor sua mulher o presenteia com um cãozinho acompanhado de um aviso: “Encontre o amor e não estou falando do carro”.

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Neste momento começamos a criar uma simpatia pelo personagem quando percebemos, sem muito conhecer sua história, que sim, ele é um homem que se permite um certo grau de vulnerabilidade pertencente a todos nós simples mortais. A sacada interessante de Stahelski é que essa apresentação de um homem comum em luto pela morte do amor de sua vida não se estende. E com uma simples ida a um posto de gasolina a reviravolta apresenta de fato quem ele é.

Mergulhamos então no mundo dos assassinos de aluguel, que apesar de deixar algumas pontas soltas sobre sua origem, se apresenta como uma máfia bem organizada. Eles possuem seus próprios serviços, moedas e um hotel com suas próprias regras. Tudo entregue com o glamour que é de se esperar de uma sociedade secreta.

E é em meio a essa descoberta do público que Wick inicia sua caçada mortal (Desejo de Matar) e cheia de perseguições e frenesi (Mad Max). Reeves traz à tona take a take quem foi John Wick e com propriedade nos entrega um homem forte, comprometido, determinado e capaz de tudo para alcançar seu objetivo, algo que é dito constantemente durante a trama, vingar aquilo que lhe foi tirado quando tudo o que ele queria era paz.

As cenas de ação são um espetáculo à parte, recheadas de lutas, Reeves nos remete ao bom e velho Neo, a narrativa não se perde em meio a tiroteios, e apesar do enredo comum, o filme nos prende, chegar ao final dessa jornada é o que nos excita.  E deixando de lado os momentos por vezes mirabolantes, as formas variadas como Wick vai derrubando um a um quem quer que entre no seu caminho dão um alívio e um respiro à história, mas nada que se compare as balas curvas de “O Procurado”, escuto um amém.

O elenco que o acompanha não deixa a desejar e ajuda na construção e volta da antiga persona de John Wick. Destaque para Willem Defoe e Ian McShane que estão sempre impecáveis em cena.  John Leguizamo, Alfie Owen-Allen, Dean Winters e Adrianne Palicki também constroem o corpo dessa espiral que é o submundo dos assassinos de aluguel.

A continuação John Wick: Um novo dia para matar foi lançada ano passado, 2017 e um terceiro capítulo está em pré-produção com previsão de estreia em 2019.

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